Caros, colegas... Eu, John Erwin, juro solenemente tentar não exagerar nos comentários...
Sim, tentar! Porque é realmente difícil não se exaltar na
companhia desses grandes escritores!
Brincadeiras à parte, vamos ao
acontecimento.
No dia 19/04, sábado, na Bienal em Brasília, às 11h30 houve
um bate-papo com os escritores no espaço Café Literário Jorge Freitas. A conversa
durou pouco mais de duas horas e contou com a presença de um bom público. Os
autores respondiam questões sobre suas obras, suas razões de inspirações, suas rotinas profissionais, além de perguntas da plateia. Teve também a participação do crítico
literário e escritor Vinícius Jatobá, a qual foi igualmente intrigante.
O detalhe que mais me chamou a atenção foi a presença visível de
suas personalidade como escritores. Era algo realmente notável e que devemos
aprender com eles.
Vinícius Jatobá escreve sobre assuntos históricos, que viajam ao passado no tempo de seus avós e bisavós. “Histórias
como 'a guerra da vacina' me fascinam mais que as notícias atuais”, ele conta. “Eu
recebi uma encomenda de fazer um conto erótico. Bem, eu pensei que se fosse pra
fazer um conto erótico, que eu fizesse no tempo da década de 50. Então
perguntei ao meu avô como era fazer sacanagem com a namorada tendo a tia por
perto.” Outra vez pediram-no que escrevesse sobre um jogar de futebol e sugeriram
o Pelé. “Pelé é muito recente”, ele disse. Logo recorreu ao avô que por sua
vez recomendou o “Diamante Negro”, grande jogador de futebol que foi artilheiro
da Copa do Mundo em 1938. Morador do Rio, uma cidade rica em história, constrói seus enredos em ambientes simples, como num assento de ônibus, e uma bela conversa com pessoas que vivenciaram a época.
Raphael Montes, por outro lado, ficcionista, tinha uma aura bizarra,
porém divertida devo acrescentar, características que passou às suas obras. Começou sua carreira bem novo, aos 16 anos. Publicou seu primeiro livro “Suicidas” pela editora
Benvirá. Título o qual muitos criticaram, mas que apesar da previsão de alguns,
foi aceito pelo público. Recentemente lança seu segundo livro “Dias Perfeitos” que
possui um enredo muito interessante: um soturno estudante de medicina amante da anatomia que rapta
a garota por quem é fascinado. Ele conta que o protagonista Téo é um personagem calculista, racional, enquanto que a jovem Clarice é uma roteirista de cinema,
uma mulher espontânea. Dá para imaginar esses dois personagens divergentes numa
trama dessas? Realmente me deixou curioso. “É um suspense de amor obsessivo sob
a visão do psicopata”, ele conta.
Por último, e com certeza não menos importante, Ana Paula Maia.
Ana roubou minha atenção diversas vezes pelo seu jeito de ver as coisas. É impressionante
como ela enxerga o “invisível”. Seus livros abordam temas que a sociedade
muitas vezes não imagina. Como em seu livro “Entre Rinhas de Cachorros e Porcos
Abatidos”, a ficcionista mostra o cotidiano de homens que lutam para
sobreviver em meio à pobreza e a falta de esperança em uma vida melhor. Neste
volume estão reunidas duas novelas. A primeira, que dá nome ao livro, tem como
cenário um subúrbio distante, onde apostar em rinhas de cachorros assassinos é
o divertimento mais saudável para homens que passam o dia a abater porcos. Na
segunda narrativa, “O trabalho sujo dos outros”, o personagem principal recolhe
o lixo numa cidade onde “tudo se transforma em lixo” e a riqueza da sociedade
pode ser medida pela sua produção de lixo.
A escritora conta uma experiência quando estava no Rio de Janeiro, na
praia com um amigo, quando um helicóptero pairava bem próximo à praia. Ela
ficou assistindo aquela cena quando viu vários homens nadando desesperadamente
atrás de alguém. “Três horas depois o corpo do rapaz foi encontrado em Ipanema”,
conta. O desapontamento dos salvadores era nítido à face. Tais experiências e observações a inspiraram a escrever.
Cada um dos convidados tinha suas peculiaridades. Ana pode decidir
não produzir livro algum durante o ano, porém quando quer o constrói numa média
de três meses. Raphael brincou neste aspecto, invejando a colega por ele passar
meses e meses elaborando seu livro, revisando para deixá-lo impecável.
Eu, após presenciar esse bate-papo, quis de coração escrever
esse texto para passar a seguinte experiência: um escritor deve ter uma
personalidade! Não importa se existem pessoas que não vão gostar dos seus
textos, porque haverá outras que irão. Posso afirmar que se qualquer um desses grandes autores lançarem um livro no futuro, eu saberei, antes mesmo de ler a sinopse e
de conhecer o livro, do assunto que abordarão. Não a história em si, mas o
contexto em que ela se abordará. Isso devido aos seus estilos.
Fica aqui então a grande dica desses grandes escritores para
nós: tenham personalidade.
Não preciso dizer que Ana Paula Maia e Raphael Montes
entraram para a lista de Sugestões do blog, preciso?
Foi um prazer escrever esse texto a vocês.
John Erwin.
Estou louca para ler os livros deles. Trazem inspirações para histórias, que como a minha, meio que pararam no tempo e empacaram. Muito obrigada.
ResponderExcluir